sábado, 25 de julho de 2009

Ocaso


Era engraçado perceber como um lugar que antes eu desejava e acreditava que seria onde eu queria passar boa parte da minha vida trabalhando tenha se tornado tão vazio e tão desprovidos de encantos.

... Aquele corredor era branco, frio e sem vida.

Deparei-me sendo conduzida a entra num quarto onde a primeira imagem que eu vi era um tanto confusa e surpreendente. Corpo e lençol se misturavam nas tonalidades e logo um comentário foi feito: ‘’que bom que ela está mais corada hoje’’.

Olhei supressa e uma tempestade de pensamentos e perguntas me atingiu naquele momento. ‘’Ela estava pior?’’, ‘’O que aconteceu?’’, ‘’Ela era tão forte’’, ‘’Ela estava mais pálida antes?’’.

Entrei no quarto, beijei sua testa e logo perguntaram se ela estava bem. A voz falha quase que nula falava um simples ‘’estou’’ seguido de um leve balançar de cabeça.


Bem, vou tentar explicar do começo...

A mãe da minha vó estava grávida e tinha duas meninas, tia Lucinha e Bernadete (minha vó). Ocorreram algumas complicações no parto e ela acabou falecendo, mas o seu bebê (tio Franscico) sobreviveu.

Como ela será sozinha no mundo uma família adotou as duas meninas e o menino foi adotado por outra família.

As meninas tiveram a melhor educação possível e foram muito bem criadas. O menino estudou moda, escreveu para jornais, virou estilista e é uma das minhas fontes de inspiração, hoje ele faz alguma coisa em uma escola de samba que a memória falha me fez esquecer. Não sei muitas coisas sobre ele, até porque o contato existente foi nenhum. Todo ano ele fala que vai vim passar um tempo com a gente. Ainda espero por esse dia.

Tia Lucinha e vovó Bernadete estudaram em um colégio de freiras e até hoje eu escuto as minhas tias falando das historias delas no colégio. Não vou contar, mas era cada historia ;x nem comento, rs.

Vovó Bernadete conheceu o vô, se casaram e tiveram filhos.

Passou um tempo e eles tiveram que viajar para algum estado longe e por algum motivo que eu não sei meu pai, o filho mais velho, ficou com o restante da família que tinha criado a minha vó.


As irmãs que eram a única parte da família que existia naquela casa era Gogô(Eleonora), Vóquinha(Ancila) e Dedê(Lair), todos esses nomes foi meu pai que deu quando ainda começara a falar as suas primeiras palavras. Incrível que até hoje meu pai, minha mãe, meus irmãos e eu só chamamos elas assim.

Gogô se casou, mas hoje ela é viúva. Vóquinha e Dedê nunca se casaram.

Vóquinha era a mais alegre de todas. Gostava de tirar brincadeiras e jogar baralho. Faz um tempo que ela faleceu.

Dedê é um pouco séria e calada, mas uma ótima pessoa. Ela tricotava melhor do que qualquer pessoa que eu conheço.

Gogô é séria, mas gosta de política, ler e de conversar. Além de vó de criação ela é minha madrinha.


Hoje eu não tenho nenhum avô ou avó biológica vivo. Só elas, Dedê e Gogô.

Gogô é quem está no hospital, mas estamos todos sendo muitos otimistas.

Dedê está bem, fez aniversario hoje. Fui visitar ela com minha mãe para falar os parabéns e entra uma tia minha falando: ‘’parabéns pelos seus 82 anos’’.

Minha vó olha com aquela cara e fala: -só?

Tia: - Não são 82 não?

Vó: - Eu parei de contar faz tempo... mas estou achando tão pouco 82 anos.

Thayse: - Você nasceu em que ano?

Vó: - 1921

Thayse: - Ah, rapá, é 88 anos. Tá vendo, a senhora está com cara de novinha ;D

Um comentário:

Tay disse...

Bom saber um pouco mais da família hueahueahuea XD
Saudades primuxinha i.i