sexta-feira, 30 de abril de 2010

O quarto

Entraram no quarto. Luz baixa, decoração fina, ambiente agradável.
Ele, fechou a porta, folgou um pouco o nó da gravata, desligou o celular, sentou na poltrona.
Ela, ligou o som, deixando uma música envolvente no fundo, colocou a bolsa na mesa. Olhou para ele.
Ele olhava com aquele ar de quem estava esperando algo. Aos poucos, ela retribuiu o seu olhar, passando a mão pela sua própria cintura, levantando um pouco o vestido preto e curto que ela usava.
Dançando para ele, de maneira sensual, passava a mão pelo seu cabelo, levantado-o e deixando ele cair.
Ele, político bonito, rico, casado, pai de duas filhas, adorava aquela rotina de dinheiro e mulheres. Seu modo de passar o tempo preferido era contar o dinheiro que roubava do governo.
Ela, stripper, prostituta de classe alta, humana.
A cada movimento que aquela mulher atraente, educada e de má sorte fazia ele acompanhava, com aquele sorriso no canto da boca.
Ela virou, sem perder o ritmo e preparou um copo com whisky com gelo para ele e para ela. Entregou o copo mais cheio para ele, sem desviar o olhar e no dela, colocou um cubo de gelo e o mexeu com o dedo, em seguida elevando a boca. Ele observava cada movimento, bastante satisfeito.
Naquela rotina de encontros escondidos. Ela já não agüentava mais. Levava na cara, era cuspida, aquele homem bonito e educado, por trás, era o diabo a quatro.
Lembrava do dia que tentou fugir, parar de vender seu corpo a aquele homem. Parou no hospital.

Dançando. Ela sorriu pra ele, talvez aquele fosse o sorriso mais feliz que ela já deu para ele ao longo de todos os meses.
Passava a mão nas coxas, descendo e subindo. Contornava os detalhes do seu corpo com os dedos.
Levantou o vestido, ficando só de salto, calcinha e sutiã vermelho.
Ele já tinha bebido o copo inteiro do whisky, a olhava e quando foi se levantar para agarrá-la e provar mais uma vez do seu sexo, não agüentou. Sentou.
Tentou tirar a gravata procurando ar, sua garganta seca não ajudava na sua fala desesperada por socorro. Os seus olhos de um desespero profundo a olhava.
Ela, dançava cada vez mais. Dançava a melhor dança de toda a sua vida.
Naquele instante. O coração. Parou.
O copo vazio, que nem o corpo daquele homem naquele momento, caiu. Quebrou.
Ela foi parando de dançar aos poucos. Vestiu seu vestido. Pegou sua bolsa.
Lembrava do momento que misturou veneno no whisky. Lembrava da expectativa que aquele momento a proporcionou.
Olhou para ele, morto, calado e patético. Por um breve instante o observou. Lembrou de todas as vezes que chorava por ele, ela no fundo, o amava. E foi por esse amor que ela fez o que devia ser feito.
Pensou em explicar para ele o que tinha se passado pela sua cabeça. Ali, de maneira silenciosa.
De repente o quarto estava vazio, ela tinha partido. E naquele quarto ele havia ficado, talvez, para sempre.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

03/04


O que fez sentido ter me reunido com estudantes de biologia de todo nordeste, sábado, no meio do comercio de Fortaleza, às 12hs, gritando, sorrindo e cantando:



"Quem são vocês?

- Sou estudante!
Não escutei!
- Sou estudante!
Mais uma vez!
- Sou estudante!
- Eu sou, sou estudante eu sou, eu quero estudar, mas a reforma quer barra, vamos à luta!”.

sábado, 17 de abril de 2010

(:



Gosto bastante, acho bem criativo e me identifico com o nome do blog :x rs

Talvez, mas só talvez,

Você seria a proteína que falta para o meu organismo funcionar melhor. Veja bem, meu bem, a luz apagou, a festa acabou, mas talvez, só talvez uma vela seria o bastante para iluminar nossos rumos, que um dia foi tão certo e hoje já não se encontra mais. Somos retas paralelas! Somos retas paralelas... E com uma única esperança que me restas, retas paralelas em um infinito... Encontram-se.

Somos trilhos de trem! Nunca juntas, mas sempre... Ao lado.

Talvez, mas só talvez, esse seja o futuro. Um futuro incerto, mas tão certo da sua existência nele. Nossas historias.

Hoje. Já não existe sem um “mas”. Mas não é um “mas” que soma, meu bem. Deveria. Deveria sim. Um dia, dois dias, 7 anos, sempre nos trilhos do trem. Tão distante, mas ...

Mas só talvez.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Na estrada

- Thay, estou pensando em morar no Pontal. Por lá tudo é mais calmo, vai ser melhor pra mim.

- Você vai ter que começar tudo outra vez, tem certeza disso?

- Todos os dias quando eu acordo começo tudo outra vez. Não vai ser tão difícil assim, só depende do modo como eu vou levar isso.


E na janela aquela estrada.

Mercadoria


Não pago e não pagaria,
educação não é mercadoria! (8)

Procurando

Procurei incansavelmente no quarto, na cama, no armário, na cozinha, dentro da bolsa, no banheiro, no quintal, na geladeira, no sofá, na caixa de tampinhas, no jardim, na garagem, na lavanderia, no corredor... Então, cansada e com o pouco de motivação que me restava, tive a brilhante idéia de espalhar cartazes pela cidade.
Em pouco tempo a cidade estava repleta de cartazes que perguntava o seguinte:
“Tempo, cadê você?”