- Pegue mais um pouco de café.
Ela o olhava, fixamente. Aquele olhar firme, seguro e experiente que ele tanto conhecia ainda representava um frio na barriga, seguido de pensamentos conturbados e irracionais.
- N-não, obri-brigado.
A voz tremula revelava que depois de tanto outonos, aquele sorriso no canto da boca ainda significava a morte do mundo físico.
E como um filme desbotado, aquela cena invadiu sua mente.
:Era outono, as folhas caiam lentamente e o clima estava agradável.
O sol deixava espaço para a lua, quase como uma cortesia. E a Lua, com calma, aparecia. Iluminando e realçando aquele vestido.
O carro aberto deixando o Jazz invadir aquela praça deserta.
Eu a olhava, encostado no carro, aquela linda expressão facial.
Seu corpo, quase como folha, deslizado pelo espaço. O vento era seu único parceiro na dança. Eu só contemplava.
Na praça, a iluminação baixa daquele poste deixava tudo mais vivo. Os passos, os giros, o cabelo cacheado solto, o sorriso, o sapato vermelho e o vestido com um tom claro.
O outono, outra vez, tinha chegado... Em um mundo paralelo.
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